Neoliberalismo e conservadorismo: constatações acerca do Movimento Escola sem Partido

Anelise Gregis Estivalet

Resumen


A década de 1990 foi pautada pela implementação de políticas neoliberais e, particularmente, pela ascensão ao poder de forças políticas comprometidas com o conservadorismo. A união entre neoliberalismo e neoconservadorismo surgiu como modo de assegurar o avanço das agendas neoliberais no meio público. Assim, a educação das massas passou a ser crucial para o funcionamento do neoliberalismo. A temporalidade neoliberal, enquanto um movimento político-econômico apoiado no conservadorismo, busca manter uma ordem social e apoia-se na religião, particularmente, na doutrina cristã.  É nesse universo que surge e no qual se sustenta o Movimento Escola sem Partido (MESP) que predispõe a anulação das diferenças e rechaça os direitos das minorias políticas. Nesse sentido, a centralidade neoliberal e conservadora do MESP nos permite concluir que a pretensa “Escola sem Partido”, em verdade, é uma “Escola com Partido”, baseada no pensamento único.


Palabras clave


Neoliberalismo: Conservadorismo; Religião; Educação; Gênero

Texto completo:

PDF

Referencias


ADORNO, Theodor. 2009. “La técnica psicológica de las alocuciones radiofónicas de Martin Luther Thomas”. Em Adorno, Theodor, Escritos sociológicos II. Madrid: Akal.

_____. 2015a. “Antissemitismo e propaganda fascista”. Em Adorno, Theodor. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Unesp, pp.137-52.

_____. 2015b. “Teoria freudiana e o padrão da propaganda fascista”. Em Adorno, Theodor. Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. São Paulo: Unesp, pp.153-89.

AMAYA, José. 2017. “La tormenta perfecta: ideologia de género y articulación de públicos”. Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana. N. 27, 149-71.

BARZOTTO, Carlos Eduardo y Fernando SEFFNER. 2020. “Escola sem Partido e sem gênero: redefinição das fronteiras público e privado na educação”. Rev. FAEEBA – Ed. e Contemp. V. 29, n. 58, 150-67.

BENSAID, Daniel. 2008. Os irredutíveis: teoremas da resistência para o tempo presente. São Paulo, Boitempo.

BRASIL. 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei número 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Presidência da República.

BROWN, Wendy. 2006. “Americannightmare: neoliberalism, neoconservatism, and democratization”. Political Theory. V. 34, n. 6, 690-714.

_____. 2015. Undoing the demos: neoliberalism’s stealth revolution. Nueva York: Zone Books.

CARONE, Iray. 2002. “Fascismo on the air: estudos frankfurtianos sobre o agitador fascista”. Lua Nova. V. 55, n. 56, 195-217.

DARDOT, Pierre y Christian LAVAL. 2016. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo.

DEMIER, Felipe. 2017. Depois do golpe: a dialética da democracia blindada no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X.

DUARTE, Newton. 2018. “O Currículo em Tempos de Obscurantismo Beligerante”. Revista Espaço do Currículo. V. 2, n. 11.

DVOSKIN, Gabriel y Anelise Gregis ESTIVALET. 2020. “Gênero e sexualidade: (Ou) Posições sobre a educação sexual”. Interritórios, V. 6, n. 10, 48-72.

ESPINOSA, Betty R. Solano y Felipe Campanuci QUEIROZ. 2017. “Breve análise sobre as redes da Escola sem Partido”. Em Frigotto, Gaudêncio (Org.). Escola “sem” Partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade Brasileira. Rio de Janeiro: LPP/UERJ.

FÉLIX, Anikó. 2015. “Hungary”. Em Kováts, Eszter, Põim, Maari (ed.). Gender as a symbolic glue: the position and role of conservative and far right parties in the anti-gender mobilizations in Europe. Foundation for European Progressive Studies, pp. 62-82.

FERNANDES, Florestan. 2008. A revolução burguesa no Brasil: ensaio de interpretação sociológica. São Paulo: Globo.

GRZEBALSKA, Weronica. 2015. “Poland”. Em Kováts, Eszter; Pôim, Maari (ed.). Gender as a symbolic glue: the position and role of conservative and far right parties in the anti-gender mobilizations in Europe. Foundation for European Progressive Studies, pp. 83-103.

HOBSBAWM, Eric. 2013. Tempos fraturados: cultura e sociedade no século XX. São Paulo: Companhia das Letras.

HORKHEIMER. Max. 1976. “Prejuicio y carácter”. Em Horkheimer, Max. Sociedad en transición: estudios de filosofía social. Barcelona: Península, pp. 167-78.

HORKHEIMER, Max y Theodor ADORNO. 2006. “Elementos do antissemitismo: limites do esclarecimento”. Em Horkheimer, Max; Adorno, Theodor. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, pp. 139-71.

JUNQUEIRA, Rogério. 2016. “Ideologia de gênero’: uma categoria de mobilização política”. Em Silva, Márcia (org.). Gênero e diversidade: debatendo identidades. São Paulo: Perse, pp. 229-246.

_____. 2017. “Ideologia de gênero’: a gênese de uma categoria política reacionária – ou: a promoção dos direitos humanos se tornou uma “ameaça à família natural”? Em Ribeiro, Paula Regina Costa; Magalhães, Joanalira Copes (org.). Debates contemporâneos sobre educação para a sexualidade. Rio Grande, RS: Editora da FURG, pp. 25-52.

_____. 2018. A invenção da “ideologia de gênero”: a emergência de um cenário político-discursivo e a elaboração de uma retórica reacionária antigênero. Revista Psicologia Política. V. 18, n. 43, 449-502.

KUHAR, Roman y Aleš ZOBEC. 2017. “The anti-gender movement in Europe and the educational process in public schools”. C-E-P-S Journal, Ycar. V. 7, n. 2, 29-46.

LACLAU, Ernesto. 2013. A razão populista. São Paulo: Três Estrelas.

LÖWY, Michael. 2015. “Conservadorismo e extrema-direita na Europa e no Brasil”. Revista Serviço Social. N. 124, pp. 652-64.

MAYER, Stefani y Birgit SAUER. 2017 “Gender ideology’ in Austria: coalitions around an empty signifier”. Em Kuhar, Roman; Paternotte, David (org.). Anti-gender campaigns in Europe – mobilizing against equality. London: Rowman & Littlefield Internacional Ltd., 2017, pp. 23-40.

MÉSZÁROS, István. 2003. O século XXI: socialismo ou barbárie? São Paulo: Boitempo.

_____. 2004. O poder da ideologia. São Paulo: Boitempo.

MIGUEL, Luis Felipe. 2016. “Da “doutrinação marxista” à “ideologia de gênero” – Escola sem Partido e as leis da mordaça no Parlamento brasileiro”. Revista Direito & Práxis. V. 07, n. 15, 590-621.

MOSS, Kevin. 2017. “Russia as the savior of European civilization: gender and the geopolitics of traditional values”. Em Kuhar, Roman; Paternotte, David (org.). Anti-gender campaigns in Europe – mobilizing against Equality. London: Rowman & Littlefield Internacional Ltd., pp. 195-214.

MOURA, Claudia Helena Gonçalves y Pedro Fernando da SILVA. 2020. “Os estratagemas psicológicos utilizados pelo programa do Movimento Escola sem Partido”. Rev. FAEEBA – Ed. e Contemp. V. 29, n. 58, 270-89.

MUELLE, Camila. 2017. “Cómo hacer necropolíticas en casa: ideología de género y acuerdos de paz en Colombia”. Revista Latinoamericana Sexualidad, Salud y Sociedad. N. 27, 172-98.

PENNA, Fernando. 2018. “O discurso reacionário de defesa do projeto ‘Escola sem Partido’: analisando o caráter antipolítico e antidemocrático”. Quaestio - Revista de Estudos em Educação. v. 20, n. 3.

_____. 2017. “Escola sem Partido como chave de leitura do fenômeno educacional”. Em Frigotto, Gaudêncio (org.). Escola “sem” partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: UERJ, pp. 35-49.

PETÕ, Andrea. 2015. “Epilogue: “anti-gender” mobilisation discourse of conservative and far right parties as a challenge for progressive politics”. Em Kováts, Eszter; Põim, Maari (ed.). Gender as a symbolic glue – the position and role of conservative and far right parties in the anti-gender mobilizations in Europe. Foundation for European Progressive Studies, pp. 126-31.

PIERUCCI, Antônio Flávio. 1998. “Secularização em Max Weber: da contemporânea serventia de voltarmos a acessar aquele velho sentido”. Revista Brasileira de Ciências Sociais. V. 13, n. 37, 43-73.

RANCIÉRE, Jacques. 2014. Ódio à democracia. São Paulo: Boitempo.

SILVA, Amanda da y Maria Rita de Assis CÉSAR. 2017. “A emergência da “ideologia de gênero” no discurso católico”. InterMeio: Revista do Programa de Pós-Graduação em Educação, Campo Grande. V. 23, n. 46, 193-213.

SILVEIRA, Zuleide. 2017. “Onda conservadora: o emergente Movimento Escola sem Partido”. Em Frigotto, Gaudêncio (Org.). Escola “sem” Partido: esfinge que ameaça a educação e a sociedade brasileira. Rio de Janeiro: LPP/UERJ.

VEIGA-NETO, Alfredo. 2010. Gubernamentalidad neoliberal: implicaciones para la educación. Revista Educación y Pedagogía. V. 22, n. 58, 213- 35.




INCLUIDA EN: 

     Resultado de imagen para redib logos                             

                                               

                                                                     

 

Licencia Creative Commons
Esta obra está bajo una Licencia Creative Commons Atribución 4.0 Internacional.

Exlibris | ISSN 2314-3894 (en línea)
Departamento de Letras - Filo:UBA
letras.editor@gmail.com | letras.filo.uba.ar